O México é um país com um potencial muito geande na cena cervejeira, principalmente pela sua proximidade com os EUA e o custo de insumos de qualidade que ali chegam. Morei (Rodrigo) por um ano no país e pude conhecer um pouco mais de perto as cervejas e cervejarias. Chamou a atenção as cervejas dos EUA que chegam ali, numa variedade muito grande com preços super interessantes.
Ainda assim é um mercado bastante incipiente, com muito espaço pra crescimento. Crescimento que passa, como alguns cervejeiros com que conversei me falaram, por uma educação do paladar do público em geral. Outro detalhe importante é a inventividade dos cervejeiros de lá, explorando muitos ingredientes locais e, aparentemente, uma legislação mais branda em muitos aspectos. Pude experimentar algumas cervejas com hemp (cânhamo) que entregavam um aroma e sabor herbal fantásticos. Como sabemos, a maconha é parente do nosso amado lúpulo, e usado assim em receitas não libera nenhum THC, o princípio ativo responsável pelos efeitos conhecidos (iria chamar de efeitos alucinógenos mas não é o melhor termo). Também experimentei algumas cervejas com agave, a famosa planta usada na fabricação da tequila e que traz um sabor defumado diferente à cerveja, porque é um defumado fresco, sem ser necessariamente torrado, oriundo de “fumaça”. Isso para não falar das cervejas com pimenta e do potencial de explorar ainda mais essa gama de sabores.
O público mexicano, em geral, é muito aberto para novidades e novos sabores. Além de, desde cedo, as crianças terem uma educação ampla para sabores mais fortes e incomuns: azedo, picante e amargo. É muito comum o consumo de doces de tamarindo pelas crianças lá, uma fruta azeda e amarga,; diversos balas e outros doces com pimentas e também a adição do famoso Tajin, um composto levemente picante e azedo adicionado nas frutas. No pouco tempo que ficamos lá, um ano, minha filha de 3 anos já ficou apaixonada por maçã com Tajin. Temos então um cenário super favorável e com muito espaço para explorar.