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17 de Maio de 2015  –  atualizado em 17 de Março de 2020

 – por Rodrigo Caravita

Boas-vindas - ou, uma carta de intenções; ou, manifesto cervejeiro pessoal

Já me apresentei e falei um pouco sobre minha trajetória pessoal, em especial no que se refere ao universo cervejeiro aqui. Caso tenham curiosidade de me conhecer e conhecer um pouco da minha história.

Bom, depois de alguns anos mergulhado neste universo resolvi criar um próprio site para organizar minhas impressões sobre cervejas degustadas, para agrupar informações interessantes, postar notícias sobre lançamentos e novidades no mercado brasileiro etc. Não sou nenhum especialista sobre o tema, apenas um explorador em constante aprendizado. Críticas e sugestões são sempre bem vindos.

Como já disse, entendo o valor dos sites coletivos de avaliação de cerveja, mas queria algo mais individualizado, egoísta mesmo (sic). Bom, não exatamente egoísta, porque até visualizo a possibilidade deste site ser aberto a amigos, mas o que pretendo aqui é fazer avaliações mais detalhadas. A nota é apenas uma nota. O que quero deixar registrado são as impressões, fotos, possibilidades de harmonização, histórias. Com um layout que me agrade (meus amigos fizeram o layout e eu mesmo o implementei), pensado especialmente para este cenário: cervejas artesanais, avaliações detalhadas, informações, discussões.

Santa Hildegard von Bingen - a escolha do nome

Quando escolhi o nome, vivia uma fase extremamente lupulomaniâca. Lá pelos anos de 2010, 2011, quando a nova escola americana vivia o seu auge, quando as importações das IPAS norte-americanas inundavam o Brasil. Estilo de cerveja, para quem não sabe, extremamente carregada no lúpulo, responsável pela maior parte do amargor e também do aroma de uma cerveja. Anos mais tarde, e até nos dias atuais, este estilo e o lúpulo iriam reinar quase absoluto no cenário nacional. Tenho um outro texto discutindo o tema aqui.

Há alguma controvérsia sobre como o lúpulo começou a ser utilizado na fabricação da cerveja. A história mais aceita diz que foi a Santa Hildegard von Bingen a primeira pessoa a relatar a utilização do lúpulo na cerveja, especialmente com o intuito de aumentar a vida útil do líquido. É dela também o primeiro relato de um orgasmo feminino. Bom, não é sem motivo que a moça foi canonizada, né gente!? Hildegard também é vista como um ícone por algumas mulheres no movimento feminista – esta pequena biografia dá uma ideia do que esta mulher fez em pleno século XI-XII.

Antes do lúpulo, a cerveja, que já era fabricada a bastante tempo, segundo a história, era feita com uma combinação de ervas, flores e raízes responsáveis por dar sabor e aroma à cerveja. O estilo (Gruit Beer ou Gruut Beer) era bastante comum na Idade Média, e tem aparecido uma ou outra cervejaria reinvestindo neste estilo. Será? Após a explosão do lúpulo? Vejamos.

Pellets de lúpulo A forma mais comum de uso, lúpulo seco "empacotado"

Lúpulo fresco Algumas cervejas utilizam flores de lúpulo frescas na fabricação

Esta é uma breve explicação sobre o nome, O Sagrado Lúpulo. Nós, que tanto amamos o lúpulo nosso de cada dia utilizado na fabricação de nossas queridas cervejas.

Como é feita a avaliação?

Uma avaliação de uma cerveja é dividida em cinco quesitos: aroma, aparência, sabor, sensação e conjunto. O site nacional Brejas, divide estes quesitos com pesos diferentes: 10, 5, 20, 5, 10 – respectivamente. Isto é, aroma ganha uma nota de zero a dez, aparência, de zero a cinco – e assim sucessivamente. A avaliação geral é uma média ponderada normalizada para cinco. Isto é, a nota final é algo entre zero e cinco. Outros sites possuem outros sistemas. O Beer Avocate tem notas de zero a cinco e uma média simples. O Rate Beer tem pesos diferentes e uma nota normalizada em no máximo 5 também, mas os pesos diferem do sistema adotado pelo Brejas.

Enfim, resolvi fazer uma coisa mais simples. Notas de zero a dez e uma média simples. É mais fácil e mais evidente, principalmente quando se está avaliando uma cerveja – depois de algumas, quem vai lembrar se é o sabor ou o conjunto que tem peso maior?


Outra coisa que tentarei ao máximo aqui é respeitar o estilo de cada cerveja, isto é, avaliar cada cerveja dentro do que ela se propõe, se ela está bem adaptada ou não ao estilo. Não vou julgar uma Sweet Stout, por exemplo, por ser doce demais, não ser seca o suficiente ou então possuir pouco lúpulo.

Há uma tendência muito forte em julgar as cervejas de acordo com o nosso gosto pessoal. Tentarei ao máximo me policiar (que termo horrível) quanto a isso. Segue aqui um texto bastante interessante sobre avaliações. Este texto tem muitos pontos com os quais concordo. Quero mais que uma nota, quero dizer minhas impressões sobre a cerveja, aprender cada vez mais a identificar os off-flavors (aromas/sabores indesejados no estilo). Por isso é disponibilizada uma área para discussão, tanto dos textos postados aqui no blog quanto nas avaliações – no final da página. Enfim, espero que a avaliação seja muito mais descritiva e informativa do que simples números. Ao menos para mim.

Se eu não gosto de um estilo específico, para que avaliá-lo e dizer que a cerveja é ruim? Por isso, dificilmente, avaliarei Standard American Lager (isto é, cervejas como Skol, Brahma etc. – não, elas não são Pilsens, são uma versão bem mais amena e menos lupulada que o estilo original). Entenda um pouco mais neste post, enquanto eu mesmo não escrevo algo mais explicativo sobre os vários estilos de cerveja.

Basicamente, os vários estilos de cerveja existentes são definidos, hoje (haja hegemonia dos EUA, mas, enfim, assunto pra discutir em mesa de bar), pelo BJCP. Recentemente, inclusive, eles soltaram um novo guia adicionando novos estilos que já vinham sendo produzidos, como a Black IPA. Este guia define coisas importantes sobre o estilo, como densidade, graduação alcoólica, quantidade média de lúpulo. Enfim, coisas importantes tanto na comercialização, rotulagem e fiscalização, quanto para competições. A criatividade e novos estilos podem ser agrupados em estilos genéricos, como o Speciality Beer, e outros afins.

Então, me basearei neste guia para “encaixar” as cervejas nos estilos e para avaliar de acordo com o que ela deveria ser: ou mais lupulada, ou mais maltada, mais torrada, mais frutada, seca, densa, mais ou menos alcoólica etc. Segue o guia atualizado abaixo, a quem se interessar.

Outras características importantes em uma avaliação são o aroma e o sabor. Para ajudar a auxiliar na avaliação, existem as famosas “roda dos aromas” e “roda dos sabores”. Não é algo que utilizo sempre, mesmo porque já tenho na cabeça boa parte dela memorizada. Mas são auxílios interessantes.

Roda dos sabores127 KB
Roda dos aromas3.37 MB

Bom, é isso, espero que gostem do site, que se divirtam, que aprendam, que ensinem e discutam também. E claro, deem sugestões e críticas para irmos sempre melhorando e aprimorando, tanto o site quanto a experiência cervejeira.